quarta-feira, 5 de março de 2008

Estórias de Zedes

Há na minha lembranças um conjunto de histórias ou de estórias. Algumas ouvi-as em noites de Inverno antes da televisão ou a Internet ocuparem todo o nosso tempo. Outras, nasceram na minha cabeça fruto de romances que aprendi e que cantei na cegada, para esquecer o cansaço e o tempo, antes de apanhar o autocarro para o ciclo, em Carrazeda. Estão como uma névoa na minha memória, subindo de vez em quando, como o nevoeiro na Cabreira e partindo quando o ruído da vida é maior, espantando as recordações doces da infância. A que vos conto hoje, dizem que é verdadeira. Esta estória fala de um tanoeiro de nome João Sarafim. Não sei bem se o conheci, se imagino que o conheci. Este tanoeiro sabia mais do que fazer pipos para conservar o precioso líquido que aquece a garganta e alegra a alma. Depois do seu burro ter sido vitima de um acidente perdendo parte de uma perna, o habilidoso tanoeiro improvisou uma prótese, em madeira, para o malogrado animal. O trabalho foi tão perfeito que o tanoeiro foi de carroça, juntamente com a sua família, à festa da Senhora da Assunção, em Vilas Boas, puxada nem mais nem menos pelo burro com uma prótese numa perna.

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